terça-feira, 21 de setembro de 2010

celebro

celebro

celebro porque estuve muerta
y he resucitado
porque estuve seca
y bebo
y humedezco
y vivo
y viva crezco

celebro

celebro porque hay oscuridad y lluvia para todos
los gustos y los disgustos las luces y las sombras
porque tejen las arañas su esperanza
de una mosca despistada
y las comprendo

celebro

celebro porque tocar es tan bello
incluso cuando no se toca
incluso cuando se toca el invierno

celebro

celebro porque es hoy
y decir no duele
y escuchar no marchita

celebro, celebro, celebro

celebro porque alumbrar el día
es cosa de otros
y así puedo yo recibir el sol
por la mañana
y desperezar mis esperanzas
y desmantelar mis mentiras
y organizar mis gozos
y ensañarme con mis sueños

celebro

se encostas

quem pediu asas

não percebo nada de nuvens
muito menos cores

ah as pombas essas armadilhas

o papo enche-se no chão
e grão a grão

por isso
seja como for
se encostas
deves saber que
não será ao passado
não será às Itacas
não será de graça

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ser

escrevo no que escrevo
como sou a que sou
não tenho língua nem bandeira
tão-só um caminho
à noite é o luar
de dia é o sol

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

acima de pedra

o que hei de eu fazer se
acima de pedra
tudo me dá ternura
e mesmo a pedra mais simples
de todas as pedras
a mais pisada anônima trabalhada
(o tempo pode ser arte maior)
é minha noiva viva e à espera de festas

o que hei de eu fazer se
sei que os cadernos são cemitérios
e não conheço corpos
apenas olhos
nem sexos
apenas dedos