quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

abaixo de zero

é possível sobreviver em formato de caveira
respirar o vento gélido que sopra nos ossos da cela interior
o coração atravessado de delírio
nada serve já nem adianta
o rosto os olhos tudo lonjura
o corpo afastado da idade
a solidão essa água mole em pedra dura
essa ilha onde tudo machuca o peito
tudo se torna tã-tã de guerra
tudo onda leve que cresce em tsunami
a vida manifesta apenas num bater acelerado
a alma abaixo de zero
o com-tacto, o sem tacto, lábio nem mão
o hálito frio da loucura sussurando dentro
o cânone fatal

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