terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sonata para André

ALVORECER NA JANELA

Mamã
na ponta dos teus dedos nasce a formiga
que percorre as minhas costas de manhã

mamã
coça-me as costas um poucochinho mais

mamã
cresce-me um formigueiro na espinha para receber o dia
que todos nós somos também formigas
e acordamos o sol com passos leves

mamã
escolhe-me formigas que transportem manteiga derretida
e vira-me cócegas os braços
os abraços de bom dia
enquanto o sol se pousa nas pálpebras fechadas
ainda

pousa-me uma formiga de sol
mamã
como um raio de luz suspensa
que me faça esquecer que este mundo
não gosta de crianças

que me faça lembrar que este mundo
um dia nos devolverá o riso
preso no país das esperanças

mamã
coça-me as costas um poucochinho mais
mamã

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